As tarifas anunciadas por Donald Trump sobre as importações de aço e alumínio nos Estados Unidos entraram em vigor esta quarta-feira, aumentando as tensões comerciais e provocando retaliação imediata da União Europeia e de outros aliados.
A medida reintroduz tarifas globais de 25% sobre todas as importações dos metais e estende os encargos a uma ampla gama de produtos derivados, como porcas, parafusos e latas de refrigerante.
A União Europeia reagiu prontamente, anunciando que imporá tarifas de retaliação sobre até 26 mil milhões de euros (28 mil milhões de dólares) em produtos dos EUA, a partir do próximo mês. "Acreditamos firmemente que, num mundo marcado por incertezas geopolíticas e económicas, não é do nosso interesse sobrecarregar as nossas economias com tais tarifas", afirmou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
A China e o Japão também demonstraram preocupação, com Pequim a prometer “todas as medidas necessárias para salvaguardar os seus interesses”, enquanto Tóquio alertou para possíveis impactos negativos nas relações económicas bilaterais. Canadá, Reino Unido e Austrália criticaram a medida, com o governo canadiano a ponderar ações recíprocas e Londres a afirmar que "todas as opções estavam em cima da mesa". O primeiro-ministro australiano Anthony Albanese lamentou a decisão, classificando-a como "contrária ao espírito de amizade entre os dois países", mas afastou a possibilidade de retaliação direta.
Entre os países mais afetados pela medida estão o Canadá, Brasil, México e Coreia do Sul, principais fornecedores estrangeiros de aço e alumínio para os EUA. A União Europeia, por enquanto, sofre um impacto menor, com estimativas a indicar uma redução de apenas 0,02% no PIB do bloco.
EUA sob risco de recessão
Os economistas alertam que as tarifas podem abalar a confiança dos investidores e consumidores, aumentando o risco de recessão nos EUA. Os setores industriais e parceiros comerciais já demonstram preocupação com os impactos da medida sobre a competitividade e os custos de produção.
Indústria do aço dos EUA apoia medida
O setor siderúrgico norte-americano acolheu a decisão com entusiasmo, considerando-a um retorno às tarifas originais de 2018, antes das isenções e quotas que, segundo os produtores, enfraqueceram a proteção ao setor.
Entretanto, outros especialistas alertam que a medida pode não ter os efeitos esperados no longo prazo. Enquanto a produção de alumínio nos EUA segue estagnada, o Canadá consolidou-se como principal fornecedor para o mercado americano, graças ao seu custo mais competitivo impulsionado por vastos recursos hidroelétricos. Além disso, a China, segunda maior fornecedora de alumínio para os EUA, já enfrenta tarifas elevadas devido a acusações de dumping e subsídios ilegais.
Escalada de incertezas
A imposição de tarifas reforça a postura protecionista dos EUA e pode agravar as tensões comerciais globais, especialmente com aliados históricos. Com retaliações já programadas pela UE e outras potenciais respostas de parceiros comerciais, o impacto desta nova ofensiva tarifária ainda está por ser totalmente apurado.