As cápsulas de café podem não ser tão más para o ambiente como fazer café com uma cafeteira tradicional, refere um novo estudo realizado na Universidade do Quebeque. Estima-se que, diariamente, exista o consumo de dois mil milhões de chávenas de café, com a Europa a liderar no consumo.
Devido à dificuldade de reciclagem das cápsulas de plástico ou alumínio de uso único, estas embalagens têm sido apontadas como pouco sustentáveis. O novo estudo pretendeu, por isso, investigar a pegada de carbono de várias técnicas usadas para preparar café em casa. O estudo teve em conta todo o ciclo de vida de uma chávena de café. Os investigadores calcularam as emissões de gases com efeito de estufa da produção de café, embalagem, transporte, do assar e moer, fermentar, desperdiçar e até lavar para fazer a análise do ciclo de vida.
Foram postas à prova quatro formas populares de preparar o café: filtro tradicional, filtro encapsulado (cápsulas), a prensa francesa e a instantânea. Os resultados foram claros: o café com filtro tem a maior pegada de carbono. Isto deve-se principalmente ao facto de utilizar a maior quantidade de café moído: 25 gramas para produzir 280 mililitros, contra 17 gramas para a prensa francesa, 14 gramas para cápsulas e 12 gramas para o instantâneo. O café filtrante também consome mais eletricidade para aquecer a água e manter o café quente.
O café instantâneo solúvel surgiu como a opção mais amiga do ambiente. Isto deve-se à menor quantidade de café necessária, ao menor consumo de eletricidade da chaleira em comparação com uma cafeteira e à ausência de resíduos orgânicos.
Os resultados mudam tendo em conta que a maioria dos consumidores usa cerca de 20% mais café do que o necessário, e aquece o dobro da água necessária. Com isto em mente, as cápsulas de café ganham como a opção mais verde, porque garantem o uso ideal das quantidades de café e água.
Produzir 11 gramas de café arábico no Brasil emite cerca de 59 gramas de equivalente de CO2, escrevem os investigadores. Fabricar cápsulas de café e enviar os resíduos gerados para aterro, por outro lado, emite apenas 27 gramas de equivalente de CO2. A fase da cultura é a mais poluente. Os investigadores referem que os produtores devem concentrar-se em tornar a produção de café menos dependente dos sistemas de irrigação, fertilizantes e pesticidas, evitando a desflorestação.
Os consumidores podem ajudar a diminuir a pegada ambiental do consumo ao medir a água e consumo necessários, caso não utilizem máquinas que façam a dosagem. E quem utiliza cápsulas deve ter o cuidado de reciclar as mesmas ou optar pelas reutilizáveis ou compostáveis.