A embalagem e a sustentabilidade estiveram em debate no âmbito do encontro da Apigraf - Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadoras do Papel. No Encontro Anual, houve oportunidade para abordar os desafios e oportunidades nacionais e internacionais, a inflação, a disrupção nos fornecimentos de matérias-primas, a energia, o pós-pandemia, os desafios tecnológicos e a sustentabilidade.
O painel dedicado a embalagem contou com a participação de Anselmo Viladerbó, Administrador da Seda Ibérica, e Luís Marques, da agência Marques & Associados. Os oradores falaram sobre criatividade e sustentabilidade, sobre inovação em materiais e tecnologias e sobre o impacto da legislação. Anselmo Vilardebó diz que o momento atual é de “incerteza legislativa, a nível nacional e europeu, o que traz um elevado nível de apreensão para o setor pela forma como a Diretiva SUP (Single Use Plastic) será aplicada em Portugal”. Referiu também a Diretiva Embalagens e Resíduos de Embalagens (PPWD) que irá afetar todo o setor da embalagem, uma vez que estipula, por exemplo, que as embalagens secundárias deverão ser utilizadas apenas quando estritamente necessário.
Luís Marques, abordou o lado criativo e os desafios criados pelos orçamentos disponíveis do lado do cliente. Deu a conhecer o projeto de “Celebrity Wines”, que surge com uma primeira edição de um vinho do guitarrista Kenny Aronoff, em que a sustentabilidade e a reutilização foram as grandes bússolas criativas, além de outros projetos da M&A Creative, onde se pode testemunhar a inovação em termos de materiais.
A reciclagem foi outro tema de destaque, com a participação de Manuel Delgado, que falou sobre a atividade da Papeleira Coreboard, e abordou, entre outros pontos, a capacidade produtiva de papel reciclado em Portugal, as suas origens e os desafios para se reciclar mais e melhor. No mercado português, estima-se que 52% do papel recuperado tenha origem na indústria, 10% seja proveniente de ambiente Office e que 38% tenha origem na reciclagem doméstica.
Manuel Delgado explicou: “A redução de materiais indesejáveis nas embalagens para a reciclagem, como colas plásticos e metal, ou seja, o desenvolvimento de embalagens mono-material é uma das medidas que podem ajudar a aumentar a reciclagem de papel em Portugal. A Papeleira Coreboard, recentemente adquirida pela Corex, tem investido na reciclagem e continua a perseguir outras formas de inovar, como por exemplo, na produção de embalagem termoformada a partir do bagaço de cana-de-açúcar da ilha da Madeira.
No Encontro foi apresentada a ferramenta ClimateCalc, disponível através da Apigraf, para avaliar e quantificar a sua pegada de carbono, de modo a aferir o impacto da atividade para depois otimizar e reduzir as suas emissões.
O Encontro contou ainda com a intervenção de Pedro Siza Vieira, antigo Ministro da Economia, que fez uma breve analise do país e do setor, mas deixou uma mensagem de otimismo em que prevê que “o dinamismo e capacidade de adaptação à mudança, a capacidade de incorporação das novas tecnologias que tem vindo a fazer deve gerar confiança para melhor poderem aproveitar as mudanças e para enfrentar os desafios.”
José Manuel Lopes de Castro, Presidente da Apigraf, referiu que “este é um dos melhores encontros de sempre, não só pela adesão, que voltou a níveis pré-pandemia, mas pela relevância dos temas abordados e a forma como nos unimos na reflexão sobre os novos desafios que o sector enfrenta e como juntos conseguimos fazer crescer os nossos negócios.”
O Encontro reuniu cerca de 50 empresas do sector, representando, no total cerca de 1400 trabalhadores e 155 milhões de euros de volume de faturação. A Apigraf – Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadoras do Papel representa um setor constituído por cerca de 2110 empresas, que empregam mais de 23.099 trabalhadores e têm um volume de negócios global de 2,2 mil milhões de Euros.