Investigadores da Universidade de Glasgow desenvolveram um novo sistema de etiquetas sem fios que pode identificar objetos e medir temperatura sem recorrer a microchips.

As etiquetas utilizam bobinas e um material sensor composto por uma forma de borracha de silicone chamada PDMS e fibras de carbono. As bobinas, menores do que as encontradas em cartões de crédito, absorvem sinais eletromagnéticos de um leitor portátil através de ondas eletromagnéticas.

Os investigadores afirmam que estas etiquetas, menos poluentes, podem reduzir a dependência do setor retalhista de chips RFID, utilizados anualmente em mais de 10 mil milhões de etiquetas. A maioria destas etiquetas é descartada após um único uso, sem reciclagem adequada dos componentes eletrónicos.

O novo sistema permite armazenar informações de identificação e efetuar medições de temperatura em tempo real. Os dados podem ser lidos por dispositivos portáteis com um custo inferior a 100 libras esterlinas, aproximadamente 119,64 euros.

A tecnologia poderá ser aplicada em embalagens inteligentes, capazes de medir pH ou humidade e alertar para riscos de deterioração ou contaminação alimentar. Também poderá ser utilizada na área da saúde e no vestuário inteligente para monitorizar sinais vitais de forma discreta.

Num artigo publicado na revista Advanced Science, os investigadores descrevem o desenvolvimento e testes laboratoriais da tecnologia. Os sensores demonstraram capacidade para detetar variações de temperatura entre 20°C e 110°C, cobrindo uma ampla gama de aplicações. O desempenho foi particularmente eficaz entre 20°C e 60°C, intervalo relevante para segurança alimentar e aplicações médicas. Os sensores registam alterações térmicas em segundos e podem ser lidos simultaneamente, mantendo a funcionalidade a diferentes distâncias do leitor.

Team photo with prototypes

O autor correspondente do estudo, Mahmoud Wagih, da James Watt School of Engineering, afirmou que a tecnologia pode reduzir custos e desperdício eletrónico ao eliminar a necessidade de microchips. Explicou ainda que muitas soluções desenvolvidas nos últimos anos exigem equipamentos especializados para leitura, o que limita a sua adoção comercial.

“O nosso estudo demonstra que múltiplos sensores de temperatura podem ser lidos simultaneamente através de um dispositivo portátil acessível, tornando a tecnologia atrativa para diversos setores”, afirmou Wagih.

O coautor do artigo, Benjamin King, também da James Watt School of Engineering, destacou que os materiais utilizados são baratos e amplamente disponíveis, permitindo a produção das etiquetas através de um processo simples e escalável. “Esperamos que estas características únicas contribuam para a adoção generalizada da tecnologia e para a redução dos impactos ambientais causados pelas etiquetas RFID descartáveis”, afirmou.

O estudo, intitulado Large-Area Conductor-Loaded PDMS Flexible Composites for Wireless and Chipless Electromagnetic Multiplexed Temperature Sensors, foi financiado pelo UK Engineering and Physical Sciences Research Council (EPSRC) e pela Royal Society.