O Centro Cultural de Belém, em Lisboa, acolheu ontem o evento “O Vidro e a sua Cadeia de Valor rumo à Descarbonização”, que reuniu mais de 100 participantes da indústria, entidades reguladoras, universidades, laboratórios e municípios.

A descarbonização até 2050 foi o tema central, com destaque para a cooperação entre empresas, a importância da economia circular, o papel do setor dos transportes e o potencial da inovação colaborativa. Foram partilhados vários exemplos de boas práticas na indústria alimentar, com contribuições de empresas como Sumol+Compal, Symington Family Estates, José Maria da Fonseca, Casa Redondo e Sociedade Central de Cervejas, que apresentaram os seus compromissos em matéria de sustentabilidade.

A FEVE – Federação Europeia do Vidro de Embalagem abordou os desafios da descarbonização da cadeia de valor do vidro à escala europeia, especialmente no contexto do novo regulamento de embalagens (PPWR). As discussões incidiram sobre temas como ecodesign, circularidade e as melhores práticas disponíveis, com enfoque no papel dos designers na definição do potencial de reciclagem dos produtos.

Entre as prioridades identificadas está o desenvolvimento de soluções técnicas e economicamente viáveis, que permitam às empresas manter a sua competitividade num mercado global cada vez mais exigente em critérios ambientais.

A importância estratégica da reciclagem

Um dos temas mais debatidos foi o reforço da reciclagem de vidro em Portugal. Estima-se que o país produza cerca de 1,6 milhões de toneladas de vidro por ano, o equivalente a 3,1 a 3,5 mil milhões de embalagens e peças. Deste total, entre 700 a 750 mil toneladas são já compostas por casco de vidro reciclado — recolhido tanto em território nacional como internacional.

A incorporação deste material reciclado permite evitar até 255 mil toneladas de emissões de CO₂ por ano, em comparação com a utilização exclusiva de matérias-primas virgens. Esta redução representa também uma poupança energética de cerca de 590 GWh/ano — energia suficiente para abastecer todas as casas de Lisboa durante 8 a 9 meses, ou as de Coimbra durante cerca de 3 anos.

O encontro, promovido no âmbito do projeto RODIV2050, foi organizado pela AIVE – Associação dos Industriais de Vidro de Embalagem e pela APICER – Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e Cristalaria, com o objetivo de acelerar a transição do setor para um modelo mais sustentável e competitivo.