Cientistas da Universidade de Bournemouth (BU) alcançaram um avanço no desenvolvimento de plástico capaz de se autorregenerar após fissuras ou quebras.

A investigação, liderada pelo professor Amor Abdelkader, incorporou nanomateriais em amostras de plástico, permitindo que estas se reparassem sozinhas e recuperassem quase toda a sua resistência original. O estudo foi publicado na revista Applied Nano Materials.

Abdelkader explicou a inspiração por trás da inovação: “Estamos a seguir o mesmo processo da Mãe Natureza. Quando cortamos um dedo, o sangue solidifica para cobrir a ferida até que o tecido da pele a repare. É isso que estamos a fazer com os nossos plásticos.”

O material combina nanosheets de MXene - um agente de reforço amplamente utilizado na indústria - com um agente de regeneração química especialmente desenvolvido. Este agente permanece inativo até que o plástico à sua volta seja danificado. Ao ser exposto à humidade atmosférica, o agente ativa-se e une as partes partidas do plástico, restaurando até 96% da sua resistência original em poucos minutos.

Chirag Ratwani, cientista líder do projeto durante o seu doutoramento na BU, destacou os benefícios duplos da inovação: “Ao utilizarmos MXene com o nosso agente de regeneração, conseguimos um plástico mais resistente, difícil de partir, mas que, se partir, se repara rapidamente.”

Os investigadores acreditam que esta tecnologia poderá reduzir o desperdício de plástico e prolongar a vida útil de produtos do dia a dia, como garrafas reutilizáveis, telemóveis e tubos plásticos. Além disso, a equipa da BU está a explorar aplicações para sensores autorregenerativos capazes de detetar movimentos humanos, abrindo caminho para a próxima geração de dispositivos eletrónicos com menor necessidade de manutenção.

“Testámos esta tecnologia em novos sensores e conseguimos criar dispositivos que se autorreparam após sofrerem danos. Este conceito poderá transformar a criação de dispositivos eletrónicos mais duradouros, reduzindo a necessidade de manutenção e aumentando a sua vida útil,” explicou Abdelkader.