A pandemia trouxe quebra média de 25% no mercado da água engarrafada, mas já se nota a recuperação, diz a centenária Águas de Carvalhelhos.
A empresa relatou um aumento de dois milhões de euros no volume de faturação, representando um crescimento de 40% face ao ano de 2021.
“Os confinamentos ditados pelo contexto pandémico provocaram um decréscimo de 26% na nossa faturação, de 2019 para 2020. O que foi compreensível à luz da circunstância de uma parte relevante dos nossos clientes mover-se no canal Horeca [hotelaria, restauração e cafetaria]. Os números de 2021 traduziram já uma recuperação, aproximadamente de 5%, acentuada no último ano graças a um volume de faturação na ordem dos sete milhões de euros”, diz Arnaldo Riesenberger, diretor comercial para o mercado nacional da Águas de Carvalhelhos.
Empresa monoproduto, que faz da qualidade dos aquíferos que explora a sua distinção, a Carvalhelhos engarrafou em 2022 um total de 24 milhões de litros de água mineral natural e água mineral natural gaseificada, mais 14,3% do que no ano anterior (21 milhões de litros).
Com o mercado nacional “estabilizado”, a atenção reparte-se também pelo esforço exportador, o qual, “até à data, não está a ser impactado significativamente” pela guerra na Ucrânia, não fosse a influência do conflito no custo das matérias-primas produtivas, como reconhece Gonçalo Magalhães Ferreira, diretor comercial do mercado externo da marca.
A exportação vale 15% das vendas da empresa, e não contempla mercados externos na envolvência da guerra, embora vá de Canadá a Hong Kong. Os cinco principais destinos externos são o Reino Unido, os Estados Unidos da América, a Bélgica, o Canadá e a Alemanha.
A Águas de Carvalhelhos está a desenvolver um projeto para instalação de painéis fotovoltaicos, que pretende providenciar autonomia energética à sua cadeia produtiva e diminuir a pegada ambiental da empresa.
A marca Carvalhelhos está associada à localidade com o mesmo nome, situada no concelho de Boticas. Foi neste local que, em meados do séc. XIX, foram descobertas umas águas com propriedades medicinais por uma pastora, que nelas lavou as pernas em chagas, tendo a doença entrado em remissão até que ficou curada. A “Barrosinha” permaneceu então para sempre ligada à imagem e logotipo da insígnia até hoje.
As curas das águas (bicarbonatadas sódicas) justificavam aproveitamento termal. O alvará de concessão de exploração foi concedido à empresa das “Caldas Santas de Carvalhelhos” em 1915. As águas ganharam fama com um fotógrafo do Porto, que documentou a sua própria recuperação.