Os CEOs da Federação Europeia do Vidro de Embalagem (FEVE) enviaram uma carta à Comissão Europeia a pedir um ajustamento técnico às novas regras de minimização de embalagens previstas no Packaging and Packaging Waste Regulation (PPWR), através do futuro Environmental Omnibus ou de outros instrumentos legais adequados.

A indústria afirma apoiar totalmente a ambição global do PPWR e lembra que continua a investir em descarbonização, eletrificação de fornos, reforço dos sistemas de reciclagem e promoção da reutilização. No entanto, alerta que a atual redação das regras de minimização, que exigem que todas as embalagens sejam reduzidas ao “mínimo necessário”, não deixa margem para criatividade, diferenciação ou inovação no design de embalagens.

“A indústria europeia de vidro de embalagem é um pilar económico e social, altamente exportador, com um forte investimento em inovação e gerador de emprego qualificado. Com seis fábricas, 3.500 postos de trabalho e mais de 6 mil milhões de embalagens de vidro produzidas por ano, dos quais mais de 60% para mercados externos, Portugal é o maior fabricante de embalagens de vidro per capita da Europa.  A nível nacional, o setor contribui ainda de forma decisiva para cadeias de valor essenciais como os vinhos, bebidas espirituosas e alimentação”, afirma Tiago Moreira da Silva, presidente da AIVE - Associação dos Industriais do Vidro de Embalagens. “As atuais regras do PPWR, ao ignorarem a importância da diferenciação, do design e da identidade de marca colocam em causa o posicionamento destes setores e, com isso, fragilizam a economia nacional e europeia”.

Segundo a FEVE, tal exigência retiraria espaço às formas e características que os consumidores reconhecem e associam às marcas. Setores como vinho, bebidas espirituosas, cosmética, perfumaria, produtos gourmet e bebidas premium seriam particularmente afetados, com potenciais impactos na competitividade global e risco de comprometer cadeias de valor inteiras.

Na carta enviada à Comissão, a federação pede uma clarificação que mantenha o nível de ambição ambiental, mas assegure que o regulamento seja “exequível, proporcional e juridicamente claro”. Entre os pontos solicitados destacam-se: equilíbrio entre minimização e liberdade de design, com reconhecimento explícito da apresentação do produto, marketing e identidade de marca; reforço da proteção da propriedade intelectual; revisão da data de corte de 2025 e alteração das referências a limites máximos rígidos de peso.